Início do Processamento de Dados no Banco do Brasil
                      

           

PRÓXIMA

 

                                                                   O Cérebro Eletrônico

                                                                                        1964

 

O curso de programação levou 2 ou 3 meses e foram indicados cerca de 40 funcionários de todos os setores da Ag. Centro-SP.

            Eram 8 horas diárias de curso ministrado por professor da própria Bull Gamma 30 no salão nobre da Ag. Centro.

                                                          

                                          Este é o salão nobre da Ag.Centro São Paulo, local em que também foi realizado o curso

 

 

         Depois do curso sempre um grupo se reunia no Satélite para estudar mais algumas horas. A novidade era muito grande e exigia dedicação total. Tínhamos que ralar o tempo todo.

            A programação era muito detalhada e qualquer fase do serviço exigia escrever uma quantidade grande de comandos. Não existia “macro”, i.é, um comando que gera uma grande quantidade de comandos e controles. Por exemplo, antes de ler um arquivo em fita magnética uma série de testes deve ser realizado. Para cada soma um comando de soma deveria ser escrito dando o endereço na memória em que se encontram os dois operando e o resultado fica num determinado. Além disto tínhamos endereço indireto para dar um nó na cuca de todos.

            Parece que aquilo me entusiasmava e conseguia assimilar razoavelmente bem, talvez devido a gostar do assunto.

            Mesmo assim fui alvo de gozação por ter comparado um computador com aquela máquina totalmente mecânica chamada classe 31. Logo na primeira aula quis saber quantos somadores (acumuladores) tinha o Gamma 30. Que besteira, o computador não tinha quantidade definida de somadores, pois as instruções permitiam somar o conteúdo de qualquer posição da memória com qualquer outra indicada pelo comando. Vergonha à parte valeu por tirar minha dúvida.

            Se compararmos com os dias de hoje (2004) um computador caseiro bate de longe os números de configuração do Gamma 30. Mesmo perdendo o Gamma 30 processava a movimentação de conta corrente de toda grande São Paulo.  Mais tarde processou também a cobrança da Ag. Centro e outros sistemas mais como folha de pagamento.

            O gamma 30 ocupava meio andar do prédio da Ag. Centro. A memória era de 20.000 posições (mais ou menos 20 Kb) e a do microcomputador mais comuns de hoje tem de 128.000.000 a 256.000.000 de posições. Considerei cada Kb com 1.000 bytes em vez de 1024 (explico para não pensarem que estou comendo barriga).

            Ao final do curso foi realizada uma prova para avaliar o aprendizado e reduzir o grupo ao elenco necessário para a fase inicial do processamento de dados no BB.

            Mediu também esta prova o grau de correção na indicação dos candidatos pelas chefias dos setores.  Pude observar que mesmo alguns reprovados que privei do relacionamento durante o curso, mostravam grande capacidade e competência e por certo em outras atividade se destacaram e continuariam a contribuir com seus conhecimentos e inteligência.

            Terminado o curso todos voltaram para seus respectivos setores para aguardar o resultado da prova final. Ficamos mais alguns dias aguardando e eu estava cheio de dúvidas sobre se o resultado ser-me-ia favorável.

            Um dia, então, a chefia do setor de Câmbio reuniu numa sala se bem me lembro todos os aprovados no teste final do curso de programação. A chefia participou nesta oportunidade a todos os presentes que participaram do curso que foram selecionados 10 candidatos dos 40 iniciais. Seus nomes; Antônio Venticinque Netto,  Clodoaldo Pette, Jupyr Mantovanni, José Joel Athayde, Luiz Antônio D'Elboux Couto, Fábio Dutra, Afiune Jorge, Jacques Leite de Godoy. Em fotos inseridas nos anos de 1966 e 1967 encontraremos quase todo o grupo acima.

Comentou sobre os índices alcançados pelos funcionários indicados o que deixava aquela chefia orgulhosa e com a certeza do acerto da indicação que fizeram.

            Ao final disse estar tanto mais orgulhosos, não somente a chefia, mas também todos os funcionários do Câmbio, que participaram ou não pelo acerto na indicação.

            O pessoal que ocuparia os cargos de Chefia fez o primeiro curso, antes deste que descrevi.         Participaram do primeiro e creio que todos foram aprovados os seguintes: Azor, Décio Durand, Odair Prado de Oliveira, José Augusto, Cezar e Ernesto Vicente Nicolosi. No meio do curso por volta de 31/03/1964 ocorreu o golpe militar e todos os alunos ficaram retidos na sala de aula aguardando a situação acalmar. Para confirmar a nomeação, posteriormente todos os nomes foram examinados pelo DOPS. No segundo curso foram examinados com antecedência para evitar problemas.

O Odair e José eram mais jovens e demonstraram entrosamento e profundo conhecimento da área, tanto que se mantiveram na cúpula durante muito tempo. O Azor de uma inteligência invejável traçou as normas para os primeiros serviços a serem processados. Também política e profissionalmente ele mudou o curso do processamento de área do Câmbio para serviços da agência: depósito e cobrança. O Azor chefiou a programação durante o início da computação no BB, até mais ou menos 1969. Paralelamente foi feito um curso destinado a Operação do computador. 

            A agência centro de SP vinha crescendo e um ponto crítico era a área de contas correntes ou depósitos.

       PRÓXIMA