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O Cérebro Eletrônico

A evolução acelerava com novidades constantes. Um novo computador já estava sendo encomendado, um segundo Gamma 30 com algumas máquinas mais modernas. As máquinas de entrada de dados começavam a aparecer. A visão era de descentralização, deixar o ônus da entrada e reconciliação final com o usuário. Usuário seria então os setores da Ag. Centro e as agências metropolitanas da grande São Paulo mais adiante.

Esta máquina estranha era o leitor de fita de papel que foi meu ganha-pão durante alguns anos. As pessoas são Vicente Petinatti Netto, Eu e Milton Antônio Munia

Assim a fita de papel perfurada era a solução possível e ideal e começava a aparecer este recurso em todas as máquinas apresentadas. Tinha furo redondo, furo quadrado, com guia, sem guia, com controle e sem de paridade. Minha missão era testar todas até a exaustão. Geralmente valia-me de um bom digitador para selecionar aquela que apresentasse a melhor performance. Interessante que o visual da movimentação da máquina levava a erro. Lembro que uma que se movimentava com muita rapidez no teste, que quando cronometrado perdeu longe. Por isso observo, vá fundo, não se deixe levar pela aparência.

Junto com tudo isto esta em andamento o projeto de sistema mais abrangente de Depósito, Cobrança e Folha de Pagamento. Estes são os serviços mais problemáticos e trabalhosos de uma empresa.

O Projeto é iniciado logo após definir o que fazer e a seguir é feita uma análise do sistema. A análise define cada parte do sistema o que vai fazer, estabelece os leiautes dos arquivos, os arquivos para cada programa, os dados de entrada etc. Após análise os programas são distribuídos para cada programador que inicia a fase de fluxograma e codificação dentro da lógica desenhada no fluxo. Cada programa costumava ter de 2000 a 8000 cartões perfurados. A fase posterior de compilação que transformava o autocódigo em instrução de máquina era repetida tantas vezes quantas necessárias até eliminar os erros de depuração. Os erros de lógica e outros eram eliminados na fase de teste que se repetia incansavelmente.

Como o computador ficava no 6º andar e a programação no 8º andar, geralmente eu emagrecia durante a fase de teste, pois sempre ia pela escada e os andares do prédio eram duplos (pé direito de 5 metros). Em compensação nas fases anteriores engordava: ficava sentado o dia inteiro.

Havia necessidade de fazer também para a fase de teste o chamado jogo de ensaio que é uma simulação dos dados de entrada de cada programa com registros certos e errados para evitar surpresas durante o serviço real.

Quando considerado no ponto o programa, podíamos partir para testar a seqüência de programas uma passando dados para o outro. Ai então era o ajuste de fino. Tudo certo, então podíamos partir para a implantação, outro caos.

Ano que vem conto mais um pouco.

 

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