Entramos numa fase de implantação
sistemas e o de Cobrança era a estrela com retorno importante para os resultados
e melhoria do atendimento.
Esta era a mesa de controle do Gamma
30. Monitor nem pensar e teclado menos ainda. A introdução de letras e números
era feita de forma binária. Eu e o Munia. |
Alguns aspectos são importantes
observar no comportamento das chefias dos setores que teriam suas rotinas transferidas
para processamento eletrônico de dados. A importância e o status dos comandantes
tendia a reduzir-se e até quase desaparecer. Os donos do pedaço, conhecedores
de rotinas também se sentiram ameaçados. Toda informação a respeito dos resultados,
tabulações e andamento dos serviços era dada pela cúpula dominante de cada área
ou setor. Mesmo o gerente geral perderia algumas prerrogativas pois os controles
rápidos e precisos mostrariam alguns procedimentos não permitidos pelas instruções
ou além dos parâmetros determinados pela DG.
O gerente
da Ag. Centro, felizmente era um homem voltado para o modernismo e via com satisfação
o avanço da tecnologia e a melhoria de seus serviços. Idéias que ele tinha com
relação ao melhor aproveitamento dos recursos financeiros somente poderiam ser
implementadas com a agilidade e precisão no processamento da cobrança. Importante
essa posição da Administração, caso contrário seria impossível iniciar a melhoria
das rotinas do BB.
A cobrança
foi implantada e as rotinas eram executadas diariamente consumindo praticamente
todo o dia do único computador instalado no sexto andar do prédio.
Constantemente
havia equívocos que obrigavam ao refazimento da rotina. Os erros mais comuns eram
a colocação na massa de chamadas dos programas de parâmetros errados de datas
ou condições ou a colocação de fitas indevidas relativas ao dia anterior. Nesta
época fui designado para trabalhar na operação e como não conseguia ver procedimentos
inseguros sem procurar introduzir medidas para evitar erros iniciei a criação
de uma série de formulários para assegurar melhor controle das rotinas. Foi assim
que através de tabelas de processamentos diários consegui deixar registrado a
cada processamento as fitas de entrada e saída. As etiquetas nas fitas ficaram
bem claras para definir seu conteúdo. Os cartões de parâmetros de data e outros
foram mais bem analisados, alguns suprimidos e outros registrados com clareza
sua forma de confecção. Propus que algumas paradas de programas fossem eliminadas
e outras mais bem definidas no manual de operação. Observando o movimento das
fitas magnéticas durante a execução do programa de cobranças propus que o processamento
das rotinas de entrada e saída da cobrança fossem unificadas reduzindo pela metade
o tempo de execução dessa fase do serviço. Ganhou-se diariamente uma hora e meia
de processamento de computador além de melhorar a segurança da rotina. Isto tudo
aconteceu em menos de um mês e depois, nada mais vendo para fazer, entrei numa
rotina repetitiva desesperadora. Não era realmente minha especialidade executar
serviço repetitivo que basicamente consistiam em ficar aguardando as rotinas começarem
e terminarem.
Foi assim
que reivindiquei a chefia a minha volta à área de programação que estaria mais
de acordo com o meu perfil e poderia realizar-me mais criando e produzindo. Creio
que meu efetivo ar de desespero foi fundamental. Retornei ao paraíso.
As dificuldades
eram enormes na área de programação visto que os recursos eram escassos e a criatividade
tinha que ser buscada na sua maior intensidade. Os programas nunca cabiam na memória
do computador e rotinas tinham que ser re-escritas, reduzidas ao máximo e a segmentação
era um recurso possível e complicado.
Uma das
dificuldades que tive referia-se à leitura da fita de papel de furo quadrado.
A estrutura de cada registro de dados ocupava cerca de 25 caracteres. O registro
era divido em campos separados por caracteres especiais bem definidos. Cada registro
terminava também por caráter especial seguido de um espaço vazio (gap) separando-o
do próximo registro. No momento da leitura havia após cada registro uma parada
da fita de papel com um visual e um barulho muito desagradável. É claro que o
tempo utilizado para ler toda uma fita aumentava substancialmente devido a esta
dificuldade técnica.
Para solucionar
o problema havia necessidade de fazer todo o tratamento dos dados de cada registro
no tempo em que o registro posterior estaria sendo lido no modo simultâneo. Isto
porem era quase impossível, pois neste período de tempo algumas rotinas pesadas
de programação deveriam ser executadas e consumiam o tempo de leitura de até dois
registros. Uma das rotinas era a inversão de cada campo (cerca de 5) pois os mesmos
vinham perfurados ao contrário.
Digamos que se o número fosse
12345, vinha perfurado 54321. A inversão de cada campo se fazia caráter a caráter.
Por outro lado o número da conta também exigia uma rotina pesada de cálculo do
dígito verificador.
Foi quebrando a cabeça diariamente
durante algum tempo que nasceu a solução para estas duas dificuldades; reescrever
diversas rotinas com menos instruções e instruções potentes e por isso mais rápidas.
Resolvido permitiu a satisfação de ver a fita de papel deslizar no equipamento
de leitura sem qualquer interrupção. A primeira impressão é de que não estava
sendo lida. Ambos os caminhos fundamentaram-se na instrução chamada de tradução
de caráter (letras ou números). Esta instrução usando dos campos, um com uma tabela
binária e outro com os caracteres a serem convertidos. A
tradução assim é posicional.
A complexidade
dos problemas desaconselha uma descrição deste método nesta mídia voltado para
outro objetivo.
Saibam,
porém que a redução do tempo das rotinas de inversão de campos e de cálculo de
dígito verificador foi assim como de 100 para 10.
Nem bem
começou o ano e já estávamos festejando, não lembro o que. O grupo abaixo é quase
todo o pessoal que começou o processamento de dados no BB em São Paulo. A foto
é de 03 de março de 1967, no restaurante A BRASILEIRA, esquina de São João com
Anhangabaú.
03/03/1967 - Da esquerda para o fundo:
José Joel Athayde, Masao Tanni, Azor, NI, NI. Na direita para o fundo: Eu, Dagoberto,
Odair Prado de Oliveira, Luiz Antonio D’Elboux Couto e Afiune Jorge. |