Os sistemas ainda não estavam completos. Parte da cobrança e de depósitos
ainda dependia de rotinas a serem completadas.
A confiança (ou desconfiança)
ainda seguia a tradição de se fazer o serviço em paralelo. A cobrança ainda era
parcial, tinha a entrada mas não tinha a liquidação.
Para a cobrança já existia
o protótipo de convênio feito com as Indústrias Matarazzo. Eles mandavam o “borderaux”
e cartões perfurados (os mesmos utilizados na loteria esportiva). Recebiam a liquidação
em cartões. Foi o nascimento de um sistema, posteriormente chamado de Convênio
de Cobrança Direta. Esta facilidade que reduzia substancialmente a entrada de
dados do registro dos títulos, foi adotado por todo o sistema bancário. Hoje 2004
evoluiu tanto que é feito em on-line através de microcomputadores das empresas.
Um novo
computador já estava chegando com algumas máquinas novas como o leitor de fita
de papel, outra de classificar cheques com leitura de caracteres CMC7 (utilizado
até os dias de hoje nos rodapé dos cheques) e por fim uma outra com laminas magnéticas
para leitura com acesso aleatório. Somente esta última não foi possível utilizar
pois exigia grandes rotinas de controle de acesso e a memória do Gamma 30 mostrou-se
insuficiente por maior que fosse a criatividade dos programadores. A classificadora
de cheques foi muito utilizada posteriormente
quando se iniciou a impressão de caracteres nos cheques. Nesta época começaram
os estudos para padronizar o cheque em seu conteúdo e dimensões. Visava o BC com
isto resolver as graves dificuldades da Câmara de Compensação.
O grupo de programadores e operadores:
Petinatti, Afiune, Munia, Jacques e Paulo Aliprandini |
O “cérebro eletrônico” mostrava
uma imagem muito forte para o “ marketing”. E foi assim que a instalação dos dois
Gamma 30 mereceram uma atenção especial da arquitetura. Os dois ocupavam praticamente
todo o 8º andar da Ag. Centro-SP. Um corredor envidraçado permitia
uma visão privilegiada do parque de computadores. Uma ponta do corredor dava para
os elevadores da São Bento e a outra para os elevadores da Rua Líbero Badaró.
Após a
inauguração freqüentemente havia visitantes levados pelas chefias dos Setores,
Sub-Gerentes. O Gerente Geral quando levava figuras mais importantes de grandes
empresas sempre adentrava a sala dos computadores, geralmente acompanhado da Chefia
do CESPA. Depois o nome mudou para CEPDA.
Os operadores
do computador estavam sempre concentrados e nem sempre curtiam o embevecimento
dos visitantes. Mas alguns operadores com barbas generosas causavam maior impacto.
Quando a barba vinha acompanhada de uma vasta careca, aí era a glória.
Mas o
importante é que o trabalho pioneiro que realizávamos dependia de uma alta dose
de criatividade e todos davam o melhor de si dedicando mais do que o tempo da
jornada normal de trabalho. Por prazer e completa realização profissional.
Por volta
desta época observei dois problemas que mereceram minha atenção, uma deles dizia
respeito a freqüentes paradas de processamento quando uma fita magnética chegava
ao fim e o outro era a dificuldade de controles para o processamento de cobrança
em que a existência de títulos ocupava 8 fitas.
Essas
paradas ocorriam pelo menos durante 8 horas umas 20 (estimativa) vezes durante
o processamento. Cada parada era de aproximadamente 5 minutos. Vamos dizer que
uma fita existência de entrada de dados, de ontem chegou ao fim. O programa comanda
a rebobinagem da mesma e depois de algum tempo ao final a fita é retirada e colocada
a sua continuação. O programa abre a fita e inicia a sua leitura e imediatamente
a seguir a fita saída de dados termina é rebobinada em mais 5 minutos e uma outra,
virgem, deveria ser colocada.
Eram 6 os armários dispositivos
de leitura e gravação de fita magnética (posteriormente chamados de “drives”)
e pelo menos 2 possuíam poucos registros gravados. Um deles era o de programas
do sistema em execução e outros.
“Drive” de fita magnética. Fábio
Dutra e D’Elboux |