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O Cérebro Eletrônico

1969

Os sistemas ainda não estavam completos. Parte da cobrança e de depósitos ainda dependia de rotinas a serem completadas.

A confiança (ou desconfiança) ainda seguia a tradição de se fazer o serviço em paralelo. A cobrança ainda era parcial, tinha a entrada mas não tinha a liquidação.

Para a cobrança já existia o protótipo de convênio feito com as Indústrias Matarazzo. Eles mandavam o “borderaux” e cartões perfurados (os mesmos utilizados na loteria esportiva). Recebiam a liquidação em cartões. Foi o nascimento de um sistema, posteriormente chamado de Convênio de Cobrança Direta. Esta facilidade que reduzia substancialmente a entrada de dados do registro dos títulos, foi adotado por todo o sistema bancário. Hoje 2004 evoluiu tanto que é feito em on-line através de microcomputadores das empresas.

         Um novo computador já estava chegando com algumas máquinas novas como o leitor de fita de papel, outra de classificar cheques com leitura de caracteres CMC7 (utilizado até os dias de hoje nos rodapé dos cheques) e por fim uma outra com laminas magnéticas para leitura com acesso aleatório. Somente esta última não foi possível utilizar pois exigia grandes rotinas de controle de acesso e a memória do Gamma 30 mostrou-se insuficiente por maior que fosse a criatividade dos programadores. A classificadora de cheques  foi muito utilizada posteriormente quando se iniciou a impressão de caracteres nos cheques. Nesta época começaram os estudos para padronizar o cheque em seu conteúdo e dimensões. Visava o BC com isto resolver as graves dificuldades da Câmara de Compensação.

O grupo de programadores e operadores: Petinatti, Afiune, Munia, Jacques e Paulo Aliprandini

           

O “cérebro eletrônico” mostrava uma imagem muito forte para o “ marketing”. E foi assim que a instalação dos dois Gamma 30 mereceram uma atenção especial da arquitetura. Os dois ocupavam praticamente todo o 8º andar da Ag. Centro-SP. Um corredor envidraçado permitia uma visão privilegiada do parque de computadores. Uma ponta do corredor dava para os elevadores da São Bento e a outra para os elevadores da Rua Líbero Badaró.

         Após a inauguração freqüentemente havia visitantes levados pelas chefias dos Setores, Sub-Gerentes. O Gerente Geral quando levava figuras mais importantes de grandes empresas sempre adentrava a sala dos computadores, geralmente acompanhado da Chefia do CESPA. Depois o nome mudou para CEPDA.

         Os operadores do computador estavam sempre concentrados e nem sempre curtiam o embevecimento dos visitantes. Mas alguns operadores com barbas generosas causavam maior impacto. Quando a barba vinha acompanhada de uma vasta careca, aí era a glória.

         Mas o importante é que o trabalho pioneiro que realizávamos dependia de uma alta dose de criatividade e todos davam o melhor de si dedicando mais do que o tempo da jornada normal de trabalho. Por prazer e completa realização profissional.

         Por volta desta época observei dois problemas que mereceram minha atenção, uma deles dizia respeito a freqüentes paradas de processamento quando uma fita magnética chegava ao fim e o outro era a dificuldade de controles para o processamento de cobrança em que a existência de títulos ocupava 8 fitas.

         Essas paradas ocorriam pelo menos durante 8 horas umas 20 (estimativa) vezes durante o processamento. Cada parada era de aproximadamente 5 minutos. Vamos dizer que uma fita existência de entrada de dados, de ontem chegou ao fim. O programa comanda a rebobinagem da mesma e depois de algum tempo ao final a fita é retirada e colocada a sua continuação. O programa abre a fita e inicia a sua leitura e imediatamente a seguir a fita saída de dados termina é rebobinada em mais 5 minutos e uma outra, virgem, deveria ser colocada.

        

Eram 6 os armários dispositivos de leitura e gravação de fita magnética (posteriormente chamados de “drives”) e pelo menos 2 possuíam poucos registros gravados. Um deles era o de programas do sistema em execução e outros.

“Drive” de fita magnética. Fábio Dutra e D’Elboux

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